Às vezes vejo pelos caminhos,
Famintos, abandonados e de pés no chão,
Pobrezinhos moradores de ruas
No meio da multidão porém sozinhos,
Sendo levados quais folhas secas, por suas vidas vazias e cruas.
 
Alguns gritam, enquanto outros apenas estendem a mão,
Pedindo e até implorando apenas com um olhar uma simples esmola,
Em forma de uma moedinha para comprar um pedacinho de pão
Que lhes sacie à fome atroz como alento e solução,
Àquela multidão que por vezes lhes ignora e lhes é indeferente,
À dor de não ter na vida que os assola.
 
Porém, ao cair da  noite quando a cidade vai ficar deserta,
E já não existe mais sequer uma casa de família de porta aberta,
Recolhem-se humildes em qualquer banco de praça, marquise ou viaduto
Pois é hora de dormir e nessa hora, qualquer cantinho vira  seu sagrado reduto.
 
Alguns até sonham que são completamente felizes,
Pois vivem numa linda cidade chamada Paraíso Perdido,
Aonde possuem uma casa bonita, aconchegante e digna prá morar,
Pão farto na mesa, uma família feliz e sorridente naquele lugar
Aonde por isto mesmo, já não são mais infelizes.
 
Esquecem até do seu desconfortável colchão de mola areia ou cimento,
Coberto com colchas de cetim de folhas de papelão ou jornal,
Pois só nos seus sonhos, deveras encontram todo seu alento
Visto que só ali são seres humanos com uma vida digna e normal.
 
Mas, no desespertar de um novo dia,
Quando novamente o Sol com sua luz sobre a Natureza se irradia...
É hora de acordar e voltar à realidade,
E continuar sua viagem para lugar nenhum pela cidade a vagar,
Até que chegue o dia quando Deus  mande um de Seus Anjos lhes buscar,
Para pela Eternidade em Seus Castelos com Ele irem de vez morar.

Patricio Franco
© Todos os direitos reservados