Fogo
Há momentos na vida
Em que ela nos apresenta sem sentido,
Feito pétalas murchas de margarida.
Amusical e muda e despida do lúdico.
As cordas oníricas arrefecidas
Qual triste viola carcomida
Pelo desprezo inexorável dos tempos idos.
A casa da vida: o corpo,
Suplanta-se sob uma floresta densa
Tal palhoça dos gentios, propensa
A ser engolida pelo criminoso fogo
Que diuturnamente avança, destemido,
Sobre o alicerce e o coração movediços;
Labaredas que exsicam dos olhos, o viço.
E a mente já nem sente o prazer de ter vivido.
Curitiba, 26/06/2004
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