As pedras do caminho

As pedras do caminho

Ahh eu consinto com o ritmo da vida!
Assumo meu castigo e calo a minha boca
sangra o coração e aguento muda a dor
recolho as pedras que joguei na cruz
com os pulsos atados ás costas,
martirizo-me com as palavras que proferi
as boas que nunca foram valorizadas
as francas que foram severamente julgadas,
vou colher as pérolas que joguei aos porcos
como um bom adulto, saberei escutar um não
anoiteço com os desígnios do meu coração
aterro os caminhos a que estou acostumada
jejuo, faço um cordão de orações
repasso meus erros todos mentalmente
mil vezes se puder me transformar
pago pedágio, peço perdão
começo do princípio mais dez vezes
engulo sapos inteiros se for necessário,
mas ao final da minha via crucis
dá-me um intervalo, uma palavra de amor,
um presente inesperado, um amigo revelado,
um texto que me auto-ajude,
uma bela poesia, um carinho prolongado
ou traga-me logo o sono eterno,
pois não é a vida isso mesmo?
Fagulhas de paraíso no horizonte de inferno!

Obrigada por me ler! Boa semana!
Elisa Gasparini
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