Descobriu-se de repente pelo reflexo do espelho
e não se imaginava assim, e se desejou assim
Que alma o mundo lhe reservara!
Pelo espelho, brilhava, foi paixão, foi auto-admiração
Mas veio o dia em que seu reflexo era fosco e opaco
e as linhas de expressão pareciam saltar e gritar do espelho
algo estava tão errado, uma imagem indesejável
naquele rosto que outrora descobrira estrelar
fazia tempo ... agora aquele ser lhe causava horror

- Quebrou o espelho em mil pedaços -

Fez uma revisão de seus valores e opiniões
mudou princípios, afastou inutilidades impregnadas
naquele reflexo que já fora pura luminosidade
Olhou-se depois de muitas lutas, espantou-se
aquele era o olhar de alguém mais velho
alguém cuja experiência lhe causara sabedoria
mas também era um multi-rosto, imagens facetadas
de alguém que era múltiplo no traduzir da sua alma

não era uma coisa, ou outra, era várias em um reflexo só

- Virou-se e foi ao parque espairecer -

Sugestionadamente sem querer entrou na sala dos espelhos,
não estava sozinho, mas suas imagens pareciam escapar
querer se revelar, de dentro da sua alma, de todos os jeitos e formas

não havia mais como segurar, como esconder suas diversas imagens
baixas, gordas, finas, velhas e novas, loucas e sãs
mas, pela primeira vez, relaxou e sorriu aliviado:
todas as pessoas ao seu lado, estavam na mesma situação

- Riu de si mesmo! -


 

Baseado em "Hall of mirrors" de Kraftwerk
Obrigada por me ler!
Elisa Gasparini
© Todos os direitos reservados