P'RA MIM QUE ME PERDI
Voam os anos, subtraem-me os dias
Meus sonhos são agora inutilidade
Palavras velhas são minhas companhias
Tão velhas impregnadas de saudade.
Sinto a vida que me foge, fico amarga
Sento-me no meu tempo inventado
P'ra ver se esta dor me larga
E me deixa o dia de ilusões dourado.
Sempre o tempo a espiar-me!
Porquê este tempo a ameaçar-me?!
Deixo os cotovelos pregados à mesa
Murcha meu rosto em ânsias que explicar não sei
Afogo as horas nesta tristeza
E corro atrás de sonhos que já sonhei.
Dobro o jornal ponho de lado
Nem ler, nem escrecer me apetece hoje
É como se me tivessem as mãos amputado
Pendida a reviver a vida me foge.
Eu hoje sou nada!
E o nada não se vence!
Deixo esta queixa derramada
Meu crepúsculo jà à noite pertence.
rosafogo
natalia nuno
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