Sr. Diretor,
Venho através desta, participar-lhe das constantes agressões que meu filho vem sofrendo ao longo dos poucos meses que ele está neste educandário. No término do período passado o mesmo me foi entregue com um hematoma no rosto. Uma vez eu cheguei a ir a sala de aula mostrar à professora certos hematomas no seu corpinho e presenciei um menino, por nome Bruno agredi-lo, puxando-lhe o cabelo. Esta cena foi vista por mim e pela professora, a mesma até me falou sobre aquele menino ser problemático. Durante todo este período de recesso escolar não vimos, não constatamos nenhuma cicatriz ou marca, foi só voltar à escola que a sessão de tortura começou, consequentemente, as marcas afloraram. Quero dizer aqui, que procuro dar uma educação das melhores possíveis para ele, não discuto na sua presença, não o bato, procuro corrigi-lo de uma maneira sensata, sempre, primeiro, olho o meu estado de espírito para, então, coibir determinado ato. Quero fazer dele um cidadão digno e honrado, é esta a minha finalidade como pai. Sei que os atos de uma criança reflete o que se passa dentro de sua casa, se ela é agredida, certamente, vai agredir, se ela é abusada, certamente, pode ser agora ou futuramente, ela vai querer abusar de seu próximo,daí vai seguindo uma escala amedrontadora,até se tornar um psicopata, um serial killer, etc. O meu filho é dócil, uma criança despojada, ainda, de malícia, brinca, sorri, pula como qualquer criança de sua idade. Quem dera, toda criança fosse amada, na medida do possível, como ele o é. Não o bajulamos, não lho damos brinquedos caros, simplesmente tiramos um tempo para acompanhá-lo a um parque, correr, ele ser abraçado, tocado, receber o calor materno e paterno. Quando escolhemos esta escola foi porque obtivemos boas recomendações, acho o trabalho de vocês normal, sem estardalhaço, isso é o que basta, o método de vocês é muito bom, pronto. Certamente se fosse sofisticado teria um preço mais salgado. Acho as pessoas ativas e eficientes, aquelas que ficam no portão, incluindo a professora, o resto pouco os vejo, incluindo o dono ou dona, não sei, mas isso não importa, o que importa é eu entregar o meu filho íntegro, fisicamente e recebê-lo tal como eu o entreguei. Chamem o pai do garotinho conversem com ele sobre seus atos. Não quero, com isso, criar o meu filho um maricas, sou consciente que quando ele sai de casa e adentra no mundo, vai lidar com a educação e a genética das pessoas, certamente vai encontrar as mais adversas situações, e terá de enfrentá-las. Só que neste momento ele está aprendendo, ele brotou há pouco neste mundo, ele está desorientado, conta comigo, quando o deixo aí, conto com vocês. Eu acredito em vocês, vocês são capazes, têm anos de conhecimentos, gozam de boas referências junto à sociedade. Na festa de são joão eu me espantei ao ver uma plataforma com uma altura de +- 1,0m. Como fizeram um tablado desse para as crianças irem dançar? Criança é imprevisível. Vocês certamente não têm noção de segurança no trabalho, é um ramo, que por ser eng. Civil, faz parte do meu dia a dia. Se vocês precisarem de uma orientação, podem me falar, com todo prazer eu me irmanarei para o bem e segurança das crianças coleguinhas de meu filho. Contem comigo pra qualquer situação que me diga respeito. Eu quero contar com vocês em relação ao meu filho. Ele não tem olhos azuis, não é filho de pessoas importantes, não tem sangue real, estou pedindo um tratamento igualitário, vivemos em um país democrático. O que fazemos, reflete em toda a América latina. Eu tenho orgulho de ser brasileiro. Eu preferi me dirigir a vocês através da escrita, oralmente eu não exporia 10% do que escrevi. Simplesmente eu estou assustado, tenho medo das coisas se agravarem, tenho medo das fatalidades da vida, esta minha manifestação é fruto do medo de acontecer algo pior. Não serei um pai problemático, tenham certeza, falei o que tinha pra falar. Estamos num barco que se chama educação, enfrentaremos nevoeiros, vendavais, mas não desistamos nunca. O país vai agradecer por isso.
“ Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, e sim o que você pode fazer pelo seu pais”.
John Kennedy.
Atenciosamente.
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José Rubemar da Costa Barros
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