As Asas Fecham (Prosa Poética)

E nos momentos de asas molhadas, a Palavra te diz que o teu coração é um poço de maldade. Você percebe que muitas vezes quis ser humilde para ser visto, na ânsia de ser alguém, na ânsia de si mesmo...

E nesse dia de se estar só, Deus te mostra quem você é. Te coloca um espelho na frente da alma e não importa para qual lado você corre para fugir, o espelho sempre estará lá.

E mesmo se você o quebrar os cacos que sobrarem refletirão tua imagem - pobre, pobre, pobre...

Neste dia de portas fechadas, de silêncio com Deus, de espelhos que falam, você se descobre tão, tão, tão miserável, tão pequeno, que só Deus suporta olhar para ti, suporta carregar teus ossos embranquecidos de pecado...

E você não tem mais como fugir, não mais como negar...

Você precisa Dele sim, você não vive sem Ele, sem sua presença em sua vida, porque Ele é o único que te ama, que se importa, que olha para tua morte e vê a eternidade de vida que Ele mesmo quer te presentear...

Só Ele suporta “seu cheiro de morte, sua carne adjeta”...

Só Ele, em seu imenso amor, é capaz de fazer desse corpo de pó, um dia a ser devorado pelos vermes, “um projeto de vida, um projeto de amor”...

E só Ele pode derramar esse amor em teu coração, porque “o amor não é qualidade humana, é essência Dele”...

Então você fecha as asas molhadas, dobra-as sobre a sua cruz e ali descansa o corpo e a alma cansada...

Você não precisa mais voar...
 
Ele faz o voo por ti e te leva ao céu...
 
Ele não precisa de tuas asas para te amar e levar para onde Ele quiser, para onde os ventos do Seu Espírito quiserem a tua presença...
 

 

Maria
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