As Asas Choram (Prosa Poética)

E então você tem uma sensação de grandiosidade dentro de tua maior pequenez. Como se só então você existisse. Como se só então você se descobrisse alguém...

E você persegue pensamentos e corre atrás do vento de suas trilhas, para tentar encontrar algo, algum papel, algum rascunho, alguma pedra que te diga um pouco do que você foi, do que você é, se você realmente existiu.

Parece que quando o tempo de se estar só chega, a maturidade arromba tua porta prá te dizer que até ali não soubestes viver, não soubestes ser...

E você observa o horizonte ao longe. Um vácuo se faz redemunhar, um vazio se faz criar, como um buraco negro onde uma estrela se esconde.

Você abre as asas. Olha para elas. Vê as estrias sangrentas, percebe as feridas rasgadas, as penas arrebatadas pelas infindas tempestades...

Você levanta as asas... tão alto, tão brancas e tingidas da rubridez da tua dor... Você as levanta acima de ti... e tenta... e tenta... e tenta...

E elas não voam mais... estão pesadas, cansadas, tão, tão cansadas, que as lágrimas escorrem de cada pena para seus olhos, queimando a face e cavando sulcos onde tua história um dia vai se esconder...

Maria
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