DESCOMPASSO

O mar se cobre de brumas
Paisagem lúgubre
Telas opacas
O pranto das águas faz-se ouvir,
na longa estrada          
Deserto calvário
Vestida com a mortalha do desgosto
A noite parece mais preta, na orla
Como o horizonte...
meu pensamento acinzentou
Com frio, escondo meu rosto
Umidade com gosto de sal
Um vazio imenso, se arrasta
Hedionda solidão
Agonizante
Barulho forte das ondas,
Borbulham em  lamentos
Pouco me importa, a escuridão,
ressentimentos ...
Ando às cegas, cansada das paixões
Caminho de costas, em descompasso
Meus sonhos
Em pedaços
Chora com vontade,
meu coração
Sem laços
A deriva, sem maldade
No colo da ilusão
Jardins adormecidos
Inverno de delírios
Amores jazem, esquecidos
Das profundezas infinitas
Ouço gritos
Sufocados
Febris: ... nunca mais...
Perdeu-se  para sempre...
Sem adeus...
Meu silêncio, sepulcral
Somente as sombras
Desvios sem razão
Sentimentos se perdendo
Rupturas
Desafinada marcha
Melancolia
Não quero reagir
Me desconheço
Sem vida
Desfaleço
 
Imagem disponível Google
 
“Da sua voz parece
o rude lamento de um ferido
Á beira de um lago de sangue,
sob um monte de mortos
E que agonia, imóvel,
no último dos portos”       
         Charles Baudelaire

Bruma Lilás - Taís
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