Atravesso a fronteira, da razão à loucura
Pelas portas que se abrem, milhas distante 
Versos psicodélicos, meu corpo flutuante
Vôo sem asas, ilimitado, solto na lonjura
 
Da percepção elástica, fugidia da ditadura
Presa em normas, que ao homem é ofegante
Nos limites da freqüência, refém da censura
Quando a visão é velada, na estética adiante 
 
Meu pensar pulsa, absorto na imaginação
Do real, além dos olhos, pronto para amar
Livre da massa, que insiste em me distanciar
 
Da arte da vida que não se conhece a dimensão
Adormecida em cada ser, pronta a aveludar
A toda alma que não se deixa se acorrentar

Murilo Celani Servo
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