O poeta é um construtor de pontes insólitas.
Parece-me que não é a intenção dele nos levar a transpor tais pontes, mas apenas a caminhar, de forma contemplativa, sobre as mesmas.
Parte da ponte é calcada na razão, apenas para nos dar a percepção inicial de sustentação – exigência do mundo material – a outra parte, em quase toda sua totalidade, é apoiada em sentimentos, cujas impressões nos chegam como verdadeiros alicerces da verdade sentida. Somente uma das margens nos parece conhecida.
O poeta pára, em meio às turbulências da vida cotidiana, e ouve os incessantes sussurros do coração.
Como ele sabe que sentimentos não podem ser traduzidos em palavras, ele as utiliza apenas para conduzi-los.
Também acredito ser muito difícil encontrar palavras que se harmonizem com o propósito
Quando se pode contemplar todo o sentimento que reveste essa ponte, podemos dizer que vivenciamos a poesia.
 

Juarez Florintino Dias Filho

Juarez Florintino Dias Filho
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