Do outro lado da ponte


Sou errante perto distante...
Sou sobrevivente do caus e holocausto preconceituoso do sistema.

As vezes sinto frio, fome, calafrio de ver as pessoas que se encontram aqui na mesma situação que eu, aqui trabalhamos quando nos dão emprego, para comer, beber, dormir e pagar o que devemos.

Nas piores fases temos como consolo a frase:

“Amanhã é outro dia, Deus provera.”

Realmente sempre é outro dia mas as vezes nada provem e quando vem é de baixo de humilhações.

Quantas vezes não chorei calado para que meus filhos e minha mulher não notassem que a situação me venceu, quando o aluguel é impossível de pagar o barraco é de três por quadro do lado do córrego com ratos que da pra confundir com gatos, não sou acomodado sou excluído por não ser alfabetizado.

Mesmo assim meus filhos vão há escola exijo isso, dos pés descalço, chinelo ou sapato, tênis gasto velho. Em épocas de eleições aceito a cesta básica que os políticos me oferecem apesar de saber que não é certo, mas o que é certo?

Sentir a barriga roncar de fome?

Sabe o que eu queria um lar dignidade e respeito... então dormiria tranqüilo sossegado e não precisaria falar a minha família comam de vagar porque é o ultimo pedaço...

Kaab Al Qadir
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