Sentimento Distante (Uma Crônica Poética)

O telefone não toca.
As horas passam e na porta ninguém bate.
Olho no relógio e nada mudou de antes para agora.
As ruas escuras continuam as mesmas.
O homem novo flertando a velha senhora.
O frio agora esta mudando o contraste.
Me convida para um novo embate.
Fora as contas que chegam,
Nada mais me deixa indignado.
Nem a relação que acabou,
Minha consciência e a dela negam,
Que algo tenha mudado,
E assim as duas almas se entregam,
Ao apelo do sexo depravado.
Minha culpa já não me torna culpado.
Nada me faz sentir tudo.
Não sei se o mundo me pertence,
Nem se eu pertenço ao mundo.
O choro é recente,
Me pergunto, que choro?
O choro travado na garganta,
Trago num trago a magoa de quem canta.
A música diz que nada mudou,
As pessoas estão seguindo suas vidas,
Penso se sigo a minha também.
Hoje já não mais peço guarida,
Nem devo satisfação a ninguém.
Na tv já não passa nenhum programa,
Queria ver a historia da minha vida,
Mas não daria ibope,
Nem passaria no horário nobre.
Me entrego inerte ao desejo,
Que da noite é o escuro,
que da madrugada é o insejo,
de tentar achar corpo puro.
No quadro pintado,
Adão e Eva,
No imaginário criado,
Ele agradece a costela que leva.
Ela apenas reclama,
Pela vida que a muito releva.
Meus demônios falam,
veja o que você fez,
de outro lado meus anjos me indagam,
Tente outra vez.
Cansado de tudo procuro.
Num segundo o mesmo instante,
algo menos obscuro,
do que esse sentimento distante.

Checheu
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