Um lar tão vagabundo quanto o nosso,
Além de fartas dores, vã loucura,
E quando a solidão já me assegura
O medo do sonhar, sei que não posso,
 
O tempo é de ilusão, e nisso adoço
O quadro que a verdade ora moldura
Servindo como fonte de ternura
Mentira que deveras nunca endosso.
 
O peso da verdade? Não suporto
E a luta pelo vão, ainda exorto
Mudanças prometidas, não virão.
 
Apenas só garanto o verso frio,
Mas sei que sendo assim, tenso e vadio,
Não guardo qualquer forma de ilusão...