Um das minhas maiores diversões é ir para os centros das cidades

As pessoas quase nunca me enxergam, mas estou lá as observado.

Fico entusiasmado com todo conteúdo, pessoas e coisas que sem querer deixamos passar despercebido.

O modo de que ficam hipnotizadas com as vitrines e eu hipnotizado em seus movimentos, gestos, cores, estilos, sonhos e pensamentos diferentes.

Olho para um vendedor exausto mais com o sorriso de sempre

O som do carro

Quadrados seguranças com seus enormes olhos

Vidros da vitrine

Aposentados com suas placas

Sujeira no chão

Outro vendedor que não para de falar a mesma propaganda como um disco riscado

Sons dos passos

Atentos os ouvidos dos oportunistas

Panfletos de dentistas

Artistas de rua

Ferida é a propaganda do negocio

Choro da criança mimada

Pombos com suas patas tortas comendo os restos limpando e sujando as ruas

Letras na parede

Florescente da roupa da senhora

Barulho das moedas de esmola

Unha da tia do hot-dog

Brilho das jóias de plástico

Idiomas desconhecidos

Vozes e mais vozes

Isso tudo me deixa entusiasmado por que sei que tudo é meu, e derrepente uma imensa vontade de abraçar as pessoas, ou dançar ou gritar.

Mais continuo andando, passo firme e rosto estático.

Pois é um dia qualquer no centro da cidade.

E cada unidade é uma engrenagem

Autor Rodrigo Acosta