É você quem habita a alma do poeta;

E ela habita em todo resto do corpo.
O corpo do poeta é feito de Alma, e a alma é feita de você:
Os olhos do poeta lêem os versos como se lessem seus pensamentos;
Observam as paisagens como se observassem sua intimidade;
Se fecham todas as noites como se fechassem para te ver.
Os dedos do poeta dedilham as teclas como se dedilhassem seu corpo;
Seguram no lápis como se segurassem seu rosto;
Acentuam palavras como se acentuassem seus cabelos ao sol.
A boca do poeta bebe o alcóol da inspiração como se bebesse você;
Recita seus poemas como se recitasse em suas curvas;
Se contrái de comoção como se contraísse suas memórias.
A mente do poeta pensa... Na verdade tenta, mas acaba pensando em você.
A mente do poeta é mais do que neurônios, sinônimos e outras coisas banais.
A mente do poeta é cheia de estouros e lampejos, que se não saem instantaneamente rumo ao papel, se transformam em fantasmas que fazem o poeta pirar.
A mente do poeta também é cheia de sombra, entretando.
Caminha pelas idéias e pelas linhas, brinca com as sensações e com as rimas, e ao voltar acaba encontrando a alma e você ocupando seu lugar.
É a alma do poeta que reflete seu encanto;
É a alma do poeta que exprime seus desencontros;
É a alma do poeta que emociona...
E por emocionar, ela tem passe livre pra entrar em todo canto que há.
A alma do poeta é esperta... Ela entra em você.
Passeia por suas víceras, vai a teus olhos, a teus dedos, a tua boca.
A alma do poeta te toca, finalmente!
Mas é a alma do poeta que toca a você...
Não seu corpo.
O poeta é poeta, por isso;
Por te tocar sem poder te sentir.
Por te emocionar sem poder enxugar seu pranto.
Por te beijar sem poder molhar os teus lábios.
É por isso que o poeta é poeta...
Entende?
Por que se assim não fosse, o poeta seria seu amante...
E não seria poeta.