Quero calar  de uma vez
malditas vozes maçantes
desse murmúrio ardiloso
pegajoso como um lameiro
Vozes covardes!
Vivem me azucrinando
Me perturbam sem pudor
Me congelando a alma
Vozes! Já lhes disse que chega!
Nao quero que digam mais nada
nao quero que sobre nada
daquela vida gris
Nao lhes permito mais
que venham me impedir
Me impedir de me ferir
e no amor me aventurar
quero me arriscar a cada dia
que delícia deve ser soluçar!
Soluçar de chorar,
chorar até cansar...
Quero poder rebentar
sair por aí gritrando
a quem quiser  ouvir
que a  vida é feita de amor
pra gozar e pra sentir
Quero poder me arrepender
dizer que fiz e experimentei
quero pensar que um dia
possa te encontrar por aí
Como deve ser agora
te ver naquela mesma calçada
na esquina que me calava?
Creio que nunca poderei te dizer
Do medo que me paralizou
de como as vozes me retiam
naquele dia que tive a chance
de dizer-te que partias
sem saber do amor ...
daquele amor que eu sentia.

Ana Paula Pestana
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