Seres Apaixonados

Perdidos em meio de uma cidade, 
num quarto, num espaço oculto.
Silhuetas humanas 
a congregarem-se 
no ritual de sexualidade,
na expressão física do afeto.
Murmúrios, vozes perdidas... 
e como são agradáveis 
por assim serem!
Antes do amor, a paixão, 
o seu lado vermelho.
A química do corpo, 
que um dia poderá ser a da alma.
O coração está em êxtase, 
o cérebro preguiçoso.
Não é momento de pensar,
mas sentir.
Relaxamento, liberdade de si, 
E pensando-se possuir, 
estará enganado, 
pois estará a doar-se.
Dois seres convertendo-se 
num  único novo ser,
a flutuarem por entre 
rarefeitas nuvens do céu.
Sonharão com ilhas desertas, 
no desejo de compartilhar 
as próprias solidões.
Estarão no mundo, 
mas dele desligados  
para criar o seu lugar particular.
A cidade não para,
mas nisso já não veem stress.
Tudo ganha beleza, 
o sorriso se faz fácil,
divertem-se com o movimento urbano.
Até nisso descobrem sensualidade,
para depois, como que deuses, 
desprezarem-no, criando silêncio.
Num minuto de tempo eterno,
perdido na troca de um olhar 
onde se confessa uma paixão.
 

Quem não viveu paixão não sabe a força do desejo, quem conheceu o desejo sabe dos seus caprichos, quem os venceu aprendeu que mais adiante se encontra o amor, e então descobre a diferença: enquanto a paixão denuncia o desejo provocado pela ausência, o amor preenche, supre por ser a plenitude da presença... Se desejar ouvir o áudio: http://recantodasletras.u...