Poetisa calada que sou
te convido a embarcar
no barquinho de papel
(o papel que me restou)

Este barco me embala
neste vício de verso
o inverso da sina
universo da rima
irremediável

Sou este barco a vela
sou quem me leva e revela
minha vida no mar
e no viço de amar

Mar salgado de gotas
que jamais se esgotam
No olhar desta rima
que sou (Marina)

Ondas de porquês
fundos de razão
Sondas de entender
o sentido da emoção
Sonhos de esconder
no sangue a correr
Este mar de coração
(venoso, mas vencendo-se vermelho)

Me encontro no profundo
não no mundo do espelho
Afinal, minha face
não revela meu ser
e meu ser não é
só mais um a viver
na face da Terra
(Mas na face das Águas...)

Minha vida tem sentido
que não tem sentido
viver sem sentir
Um Deus
Senti que a vida sem Ti,
Senhor, é a morte.
Quando meu mar tempesta
Tenho aquele que tudo acalma
com uma palavra apenas
aconchega meu mar da alma

Encontro na minha praia
artes de dança, música, escrita
Mas as ondas carregam de volta
às vezes orgulho, isso irrita!
Meu mar que é cheio de areia
-grãozinhos tirados da pedra-
revela à praia tal rocha
que me criou e rodeia
A rocha que é água
(a água da vida,
absorvida na areia)

Já escrevi estes versos
são versos de todo dia
pro fundo do mar eu vivo
profundo mar eu sou

Deus deu-me um mar sem fim
a cada dia meu nome é MARina
e faço valer nesta rima
este mar secreto de mim

Prova de redação da escola. Tema: auto-retrato.
Fiz uma "auto-intertextualidade" com trechos de poesias que eu já tinha escrito. Penso que sou meus versos... :)

(Obs: Eu sei que uso desgastadamente a palavrinha 'sina' - ela está em todos os poemas que eu precisei rimar com 'rima' - e isso deve ser, justamente, uma sina minha. Queria livrar-me de tal sina...Alguém me enSINA?