Eu só vejo o beco, parado, imóvel, diante de minha dor
Ele não se importa com esperanças, com dores, com amores.
O Beco só se importa com o Beco.
E é isso o que o Beco é. [V a z i o]


Não há tantas saídas para tal amado senhor
Preso num quarto, sufocado entre meu amor e minhas dores.
O Beco de si mesmo é o beco de mim próprio.
E é isso o que o Beco é. [I n c o m p l e to]


Portas por todos os lados, num parede decorada com um único quadro de flor
Vermelhas, brancas e negras, todas rodeadas na íntima atmosfera de terrores.
O Beco não se importa com o senhor.
E é isso o que o Beco é. [E s c u r i d ã o]


Em uma casa onde jardins floreiam apenas um corredor.
É onde corre tal pequena menina fugindo de meus piores temores.
O Beco só quer sua inocência.
Pois é apenas isso que o Beco é. [P â n i c o]


O Corredor me leva a um Beco sem saída, eu não posso fugir.
Lentamente, aprisiona-me, e deixa-me partida, eu não posso gritar.


O Beco nada mais é o que o Beco em seu coração.
E por mais que o magoe, ele jamais me pedirá perdão.

Pois o Beco nada mais é do que o Beco do homem.
O Beco interior, o vazio, sem defesa.


Em um corredor preenchido de portas negras por todos os lado, há um criado fiél.
Dá-me as costas, dá-me tortos sentimentos, dá-me nada de nada mais.
O Beco grita-me palavras dolorosas.
O Beco é teu, e nada mais.


O Beco grita-me palavras amorosas, pelos lábios de um criado cruel.
Há uma saída de um beco sem saída, viro-me contra ele sem enfrentá-lo jamais.


O Beco enfrenta-me com seus olhos negros, pede-me para enfrentá-lo.
O Beco não se importa com minha dor.


O Beco encara-me silenciosamente, em sua face pálida de vermelho, pede-me para enfrentá-lo.
Sigo em frente, passo por ele, e  
n a d a  m a i s.

Maria Júlia
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