Embora a religião e a ciência
bebam de um único líquido
compartilharão jamais do mesmo cálice.
Enquanto a religião revestida de clemência
aniquila tudo que contraria seus princípios
apregoando a salvação como disfarce.
Os inquestionáveis deuses da sapiência
reduzem a vida e o mundo a meros indícios
que, ora corroboram, ora obstam suas praxes.
Ambos se fundamentam na vida:
aquela, na eterna, inerente ao espírito;
esta, hodierna, no pleno convívio.
A ciência com sua percepção holística
afirma carecer da clonagem e das células-tronco embrionárias
para renovar as esperanças quanto à longevidade.
A religião com sua doutrina basilada na criminalística
alardeia que o avanço das pesquisas milionárias
apresentam-se periculosas à humanidade.
Enquanto não se chega a um consenso
há quatro bilhões de miseráveis humanos,
alheios, mas vítimas diretas deste dissenso;
que, antes da vida eterna e destas células, carecem do básico para o cotidiano.
Curitiba
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