CINEMÁTICA DA LEMBRANÇA

 
 
Deambulo meu faminto olhar
Pelo infinito imaginário
Que se assenta sobre o quarto:
 
 
Paisagem do intrínseco relicário
---- cujo fluxo, pensava eu,
Encontrava-se definitivamente tresmalhado ----
Fecunda-me novamente o escalavrado ideário.
 
 
Aí, testemunho, vividamente,
Como se estivesse de corpo presente,
O embarque e desembarque dos entes
Quais, em algum momento,
Compartilharam o tropegar
Da mesma ambígua e longa estrada
 
 
Para, bem no meio do percurso,
Sem ultimatos, sutilezas nem prelúdios,
Fragmentarem-se em intangíveis córregos,
Congostas, vozes, brumas, arbustos e alamedas
De destino errático, eunuco:
A tremeluzente constelação
De sombras e incertezas que pavimenta o humano mundo.
 
 
E quando regresso da viagem
---- liberto dos sortilégios da embriagante miragem ----
Procuro, conforme fosse prisioneiro
Da sede de quem somente se sacia
Sorvendo sofregamente
O  cristalino elementar liquido,
A mádida égide do caseiro abrigo.  
 
 
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
 
 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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