Sonhos ardentes e bordadas aquarelas,
Divisando futuro de vinhos e flores...
De cruentas batalhas e parcas seqüelas,
No pó das estradas e no jogo de amores.
 
Bravos mares a marear em salsos alentos,
Em vôos lógicos por infinitas rotas retas
Rotas plasmadas na eriça dos ventos
No céu de sol azul do compor dos poetas
 
Desde as trilhas que trilhei o infinito me dei
Dei-me as velas, as valsas, as vias e as cores;
Dei-me os sentimentos que na vinda encontrei.
Dei-me, daí, à vida, aos vivos e aos valores.
 
Constituí-me de ninho, de estrada e de sorte
Da platéia, da tribuna e do circo fui parte.
Na tosca ilusão de infinitude sem morte,
Traiu-me prazeres e instintos; não a arte
 
O mar, à atonia entregue e sem espuma,
Nas sombras do poente assiste ao trauma
Do dia em seu mergulho e antes que suma,
Vê choroso o vento norte depor-lhe a alma.
 
Aplaina-se horizonte, ao mar e ao monte...
Em delicado projeto de traços suaves,
Lança-me a noite em altruística ponte
Entre mar e monte libertando os enclaves.

Manito O Nato
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