AS JANELAS DA MINHA ALMA

Me fiz prisioneiro dos meus devaneios...abri as janelas da minha alma...na lentidão profana daquilo que foi real outrora...e essas cores que hoje tinjem as primaveras...tem um tom acinzentado...brasa e cinza onde mora a solidão...deixei minha mente dominar meu mundo...agarrei o abstrato de luzes de brilho raro...subjuguei a força que havia nas promessas cálidas...que nunca se cumpriam...me esquivei das vozes que me atormentavam...fiz das minhas horas eternas esperas que a saudade anunciava...revidei a agressão que o coração sufocava...e me tranquei nas minhas mágoas...e eu que nada temía...recuei quando a adaga da paixão ...meu coração golpeava...baixei meus olhos pra não entender o que eu enxergava...mas sentia que a presença de uma ausencia eterna castigava...e como sonhar com flores... se o solo agora é árido ...e toda a chuva que caiu sobre meus sonhos...agora é vendaval...o que esperar do fim quando o fim ja não é mais segredo...o que afagar enfim...se os carinhos de mim se esconderam...nada mais tráz alegria...e se eu fui importante pra alguem um dia...talvez um dia há de alguem lembrar das minhas poesias...nada mais quero nem espero do que resta da vida...e tudo que eu fiz foi tentar edificar na paz adormecida ...a paz que eu julgava viva mas que sempre esteve adormecida...procurei por mim nas canções dos trovadores e menestréis...mas foi nas violentas batalhas que travei com minha própria consciência...que me fiz deserto em dunas distantes sob um sol escaldante...agora sem medo nem euforia...vou tentar esperar mais esse dia ...e com sorte abrir meus olhos amanhã e ver que ainda tem um pouco de vida...nesse leito que me da guarida...em paredes brancas que me cercam dia após dia...pelas alegrias que não tive...passo a me alegrar com a certeza de que a dor em breve passará...

rato(marcos rocha)
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