O frio que lhe vem como açoite
e no escuro, sem graça, da noite,
perturba até seu pensar.

A fome sorrindo lhe acena,
e ri, imitando a hiena,
testando o seu suportar.

Com lágrimas rolando na face,
pergunta:
- Por quê, meu Deus, a dor nasce?
E tenta o seu choro calar.

Isto é vida? Pergunta, gritando
a alguém que caminha apressado.
Levanta, quase não se agüentando,
mas cai de volta ao solo molhado.

Pra ele, até a chuva é inimiga
e seu dever é apenas molhar.

Sofrendo, não percebe
quando a Luz vem lhe visitar,
fazendo seu viver clarear:

Eu quero, eu vou estudar.
Ajude-me meu Deus, por favor.
Ensina-me o mistério da dor,
só assim... eu consigo atinar.

Invisível ao olhar
e tomando-o nos braços a falar:
Estude, aprenda e ensine, diz Deus,
o mistério da Dor...
está no Amar.

São Paulo/SP.

poeta Devany
© Todos os direitos reservados