Todo gesto exime uma razão.
A explosão do grito, o gelo do calar.
Ambas, por vezes incompreendidas,
Causam a denúncia do arrependimento,
Na palavra incontida pela inquietude.
 
Ah! Se as palavras contassem o meu sofrimento!
Correriam arbitrárias e corajosamente
Pelos reveses do caminho revelando o inesperado.
Em busca da solução e do desfecho
Daquilo que prenuncia a derrota.

Expondo o desejo, por ora refreado,
Abririam os ouvidos daqueles,
Cujas gargantas não silenciam
Diante da blasfêmia e da mentira
Que fomenta a desunião.
 
Segregaria os ímpios semeando a concórdia,
Entoaria às flores, ao sol e ao mar
Canções serenas de relevo e explendor.
Mas elas, as palavras, não podem contar.
Pois eles são os senhorios da verdade.