Mães
Devany A. Silva


Mãe de um marmanjo,
mãe de um anjo.

Mãe de um ladrão,
mãe de um anão.

Mãe de um demente,
mãe de um doente.

Mãe de um detento,
mãe de um rebento.

Mãe de favela,
mãe de novela.

Mãe que cai,
mãe que se vai.

Mãe de um artista,
simplista ou ativista.

Mãe de um sonho,
medonho ou risonho.

Mãe de esquina,
mãe tão menina.

Mãe que só padece,
mãe que só se oferece.
Mãe que ri, chora ...
e se esquece.

Mãe que é xingada,
mãe que é “lembrada”... e é amada.
Mãe que cria, educa
e é... deixada.

Mãe que não cai,
mãe que é pai.

Mãe que fala,
mãe que luta.

Mãe que se cala,
mãe que só escuta.

Mãe que se vende,
mãe que se rende.

Mãe que é enganada,
mãe que é “forçada”.

Mãe que é no “berro”,
mãe que é de ferro.

Mãe que é expulsa,
mãe que é avulsa.

Mãe que nem pensa,
que gera... dispensa.

Mãe que hoje chora,
mas não demora
em ver que há
uma formosa Senhora
que vem fazendo a hora.

Mãe, mesmo aflita
és bendita.
Mãe Patrícia ou mãe Dita,
mãe Maria ou Madalena,
mãe mais alta ou mãe pequena:

Que venha o fruto de seu ventre,
a crescer junto com a gente,
e aprender com quem é decente.

Mesmo que não seja diferente
dos frutos de atualmente,
mas que aprenda e ensine um tanto,
enquanto fico em meu canto
revivendo um velho canto:

viver é somar,
viver é enfrentar.
No meio de alaridos,
viver é calar.

E a lembrar:
A Vida é pra frente.
A Vida é em frente.
A Vida É: Enfrente.

São Paulo/SP.

poeta Devany
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