Agradeço-lhe de todo coração
Por contemplar novamente seus olhos
Que num instante insignificante
Tornou meu mundo infinito e majestoso
 
Esse instante escorre por minhas mãos
Que se tornam imóveis diante do fim
Meu espírito se entristece
Como um anoitecer que se perde no mar
 
Meu ser se tornou limitado
E o nada invade meu coração
Com uma traça que tudo corroí
Deixando um rastro de solidão e vazio
 
O nada se apodera de meu ser
Minha essência foi-se junto no seu olhar
Que no infinito se perdeu e me deixou
Restando apenas o peso do vazio
 
Por vezes nem triste nem alegre
Pois com o nada, o nada se sente
Com o vazio, o vazio se preenche
Com o limitado, o limite me prende
 
Antes nunca ter tido esse infinito
Que saber até onde poderia chegar
Iludido com a prisão de minha angústia
Só posso esperar o fim se aproximar
 
Enquanto sinto se esvair por minha mente
O que resta de centelha de minha vida
Prendo-me na lembrança das estrelas
Que vislumbrei num momento em seu olhar
 
27/03/2009

Paloma Andrade
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