O pobre diabo se manteve sentado
Olhos fixos em minha direção,
Um quase sorriso no rosto quadrado;
Um pequeno cajado em uma das mãos.
 
Mirei os olhos em qualquer lugar
Incomodado com a pequena criatura,
Acendi um cigarro sem vontade de fumar
E tentei me esconder na fumaça escura.
 
O sujeito sob o chapéu Panamá
Emergia de um mundo em cores:
Melancolia no ar
E ausência de perfume em flores.
 
Assombrei-me quando pude ouvi-lo respirar
Agora mais próximo me parecia,
Ensaiei assoviar
Mas só um sopro fraco saia.
 
O vento frio passeia na sala
Alimentando minha agonia
E o pobre diabo não só mais me encara,
Mas também me desafia.
 
Ao que minha alma é toda tomada,
Insana, a mente se rebela,
Volto a mim já na sacada
Atirando um Van Gogh pela janela.

edson augusto alves
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