Ah, saudade de mim!

Não vejo meu espelho há tanto tempo...

Que apago apaziguado, deitado nas curvas à mercê dos teus sedentos
Novos tempos em que desespero-me na ausência sem ciência
Da saudade que não mata mas arde no relento...

Sem ter pr'onde correr, corro mesmo sem saber
Se posso ter me perdido nos compassos dos teus passos
Aceitando, pois, agora atado
Percorrer os mesmos traços deixados com cautela nos abraços...

Sigo logo o rastro do teu mastro, escuro, vil e cabisbaixo
E seguro de minha insegurança, fujo no abuso de outro maço
Que outrora condenava e que cismava ter perdido o hábito lá no paço,
Templo dos teus amores distantes, secretos e escassos

Vivo então nesse abismo calado, cortado, cismado
Recriando meus brios, disfaço e disfarço e refaço falsos tons dos meus próprios sons
Convidando a vida para brindar o cálice que se cala no cinismo
Do toque dos meus sinos herdados sem sentidos, sentidos

Encontrando este novo desespero desencontro-me e vou vivendo
Porém perdendo-me e vertendo-me no âmago deste vazio.

Ah! Que saudade eu tenho de mim
Ah! Que saudade de mim, Fausto!

markquerido
© Todos os direitos reservados