Por que não dormir para todo o sempre?

 
Por que não dormir para todo o sempre?
E esquecer-se de seus próprios temores
E não sofrer com ardentes amores.
 
Por que não dormir para todo o sempre?
E não mais ter que viver neste corpo displicente
Sem esperar contente
Por alguma vigília ausente
 
Por que não dormir para todo o sempre?
E não ser alvo de alusões, emoções que jamais serão compreendidas
Esperando ao final de cada crepúsculo ser atendida.
 
Por que não dormir para todo o sempre?
Já que diferença alguma fará ao mundo.
E a esperança não mais se encontra lá no fundo.
 
Por que não dormir para todo o sempre?
Se a cada instante se é menos presente
Para todos aqueles que a ti rodeiam alegremente
Enquanto sem consolo vives amarguradamente
 
Por que não dormir para todo o sempre?
Sem jamais ter que ver seu degradado fim
E proclamado algum sim.
 
Por que não dormir para todo sempre?
Se todos desejam viver eternamente
Para simplesmente gozar do axioma eloqüente
 
Porque não dormir para todo o sempre?
Para não mais necessitar esperar por algo que não chega
E depender de outros para ser quem quer que seja
 
Porque não dormir para todo o sempre?
Porque o sempre é um paradoxo que se satisfaz da ingenuidade
Ilusão ao qual se agarram para viver uma falsa idéia de felicidade
Esteja eu errada ao presupor que seja uma semeadora de quimeras.
Doces tristezas que essas pessoas carregam orgulhosamente, deveras
Sinto a incompreensão por parte dos que me cercam.
Sou uma carente que todos, na distância, zelam
Em minha loucura desejo ardentemente dormir eternamente
Para não mais ver lágrimas desconhecidas
Inundando tal morada que fora enobrecida
Por um esmero que passou e acabou mortalmente
Deixado de lado o ser que amou incansavelmente

Camila de Araujo Lopes
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