Sequestro

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Sou uma fumaça de intocável volubilidade
Poluo o ar, o meio, não posso me conter
Quanto mais repreendida, maior minha instabilidade
Flutuo em devaneios, buscando o bem-viver

Atravesso a solidez dos bens mundanos
Procuro minhas moléculas esparsas
Em diversos cantos, dos divinos aos profanos
Vejo-me cativa de minhas próprias farsas

Almejo sentir um seguro solo
De sustentação à árdua jornada
Porém, não encontro solo ou consolo
E preciso enfrentar a finita caminhada

Percebo os auto-enganos em tardios tempos
Sou fisgada a cada instante passageiro
Por encantos subjetivos sem acabamentos
E divido-me no incessar ligeiro...
...dos ruidosos pensamentos

Italia

Tania Montandon
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