Desejo de despertar

Desejo de despertar

No embalo ritmado da brisa leve,

De paixões antigas, adormecidas,

Encontrei-me assim, sem querer,

Precisamente ali, alma adentro.

Lá, observei-me com temor e ressalva.

De binóculo, para não me incomodar.

Pois, distraída estou no centro de mim,

Embebida por pensamentos presentes.

E ao buscar-me, veja que empatia,

Uma voz clara me chamou deste estado

De eclipse lunar e estrela cadente.  

Meu Pai! Tu me tocas e eu me chamo?

Abro os olhos e, em mim, olho ascendente.

Eu que tenho evitado o reflexo do espelho,

Por onde Deus irá mostrar meus caminhos.

Ai, ai, ai...

Não posso mais me esconder de mim.

Sob que vã proteção foi que estagnei?

Pelas longas, cíclicas trilhas da mesmice?

No afã do comodismo lento e carinhoso?

No Principado da minha profissão insana?

O professor é sonhador e doidivanas.

Portanto, vou me invocar dentro de mim.

Shhiiiuuuu! Louca varrida...

Fale baixo, pois abstraída estás,

Nesse cenário doido: na cama van goghiana.

A cama de que falo é a da pintura do quarto de Van Gogh, feita pelo próprio. A foto é minha, para ilustrar a poesia, que transparece meus sentimentos. Obrigada pela visita e beijos!!

São Paulo, capital

Elisa Gasparini
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