O coração do poeta sangra! Sua poesia perdeu o ar da candura, o perfume das rosas e a alegria dos saltimbancos.
Suas tardes, outrora felizes, tornaram-se tristes e melancólicas.Suas noites passaram a ser veladas por uma desolação sem igual.
Oh inspiração, aonde andas? Não abandones este pobre poeta! Vens aguçar sua mente, para que este possa, novamente, traduzir em versos teus ensinamentos!
Vens sem avisar, atravesse a porta com teus ventos e varra com teu sopro divino toda a melancolia desta pobre alma.
Vens guiar o poeta neste caminho de incertezas, mostre onde pisar e o carregue onde não puder passar.
Como a mãe não abandona o filho, como o criador não abandona sua criação, também o poeta não deverá ser abandonado pela sua inspiração!
Mas se preferes eleger outro pupilo, por este pobre coitado ter dito “talvez” ao invés de amém, tudo bem. Apenas lembre-se que ele fortificou-se com seu mel, que viajou com tuas estórias e com ti esteve nos céus.
Ficam as lembranças, como coisas de criança, confidências trocas, segredos imolados e um grande vazio.
E como as águas do rio, que seguem turvas e sem maldade, também segue o poeta, sentindo-se órfão e com saudades.

Oh inspiração aonde andas?

Homenagem ao pai falecido

Araújos/MG

Kenny Nunes
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