Borrões

 

O que era encanto desencantou

Deu ferrugem

O amor, todo ele , enrugou

Ficou senil

O perfume evaporou

Perdeu o anil

No recôndito da concha

O tempo esculpiu uma mancha

Pérola desbotada

Folhas secas atiradas ao chão

Aridez, mata fechada

Lugar vazio da terna emoção

Corte profundo no peito

Cicatriz em relevo

Sal derramado no leito

Grito doído, sem jeito

Borrões de tinta

O verde desesperançou

O vermelho desruborizou

O azul entristeceu

O branco corou

O amarelo empalideceu

O preto perdeu o brilho

Adoeceu

 

                                  Úrsula A. Vairo Maia

 

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