Tenho medo!
Mas tenho tanto medo, que às vezes tenho até medo!
Tenho medo!
Não ti espantes com o que seja o meu medo.
Mesmo assim tenho medo!
Não é medo do escuro,
Não é medo do bicho papão,
E nem do papa-figado.
Mas é medo de mim mesmo!
É!
Medo dos meus dedos,
Medo das minhas mãos,
Medo dos meus cabelos,
Medo dos meus beijos,
Medo dos meus desejos,
Medo de minhas dores,
Medo dos meus olhos,
Medo de minha língua,
Medo de meus pés,
Tenho medo até se estou entre uns dez.
Tenho tanto medo, que às vezes tenho até medo!
São medos de ninguém.
São medos dos desejos do meu coração!
São medos de minha juventude.
São medos de meus planos.
São medos dos meus sonhos.
São medos das coisas que eu alcanço.
São medos das coisas que planto.
Mim ponho em prantos quando peco.
Mas meu Senhor me percebe e me concede o seu perdão.
E tudo que era medo, hoje, agora, exatamente nesse instante,
Só me faz ser forte.
Tenho medo de tudo!
Menos da própria morte.

Caldas do Jorro-Ba; 15/10/2005

Azaías S. Fernandes
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