Meus tantos nós

O grito contido, o olhar abatido
O sal derramado, o querer engasgado
O sonho quebrado
Aquilo que está na garganta
Precisa ser deglutido
Dissolvido, Entendido
Escutado, Espelhado
Aquilo que fere a traquéia
Adoece a laringe
É mistério qual esfinge
Algo que não se finge
Aquilo que não foi digerido
Que precisa ser expelido
Que não pode ser abduzido
Necessita ser emitido
De mim não vou sentir dó
Que a auto-comiseração é mais um nó
Contrai as pupilas, fecha os poros
Inaugura fadigas
Tenho saudade do que ainda
Não contemplo em mim
Do que não foi despertado
Está acorrentado em meus porões
Das flores que não colhi
E o tempo fixou grilhões
Do que ficou guardado no primeiro jardim
Sei daquilo que cravaram em mim
Daquilo que eu mesma cravei
Sei da sensação de ser pó
Meus tantos nós
Entrelaçados na garganta
Na busca tanta
De serem eu e você
Nós

 

Úrsula Avner

Agradeço a sua visita especial. Essa é uma poesia que fiz pensando primeiramente em meus próprios "nós " e que dedico à minha querida colega e amiga Maria Cristina.
Cris, sigamos na busca do auto-conhecimento para que através dele os "nós" sejam (re) conhecidos e desatados.
Um abraço sincero.