O CANTO DO CISNE

O canto do cisne
Sentado à beira de um rio
Encontra-se um poeta.
Furtivo em pensamentos
Mudo, sem fala, sem dialética,
Expurgado de sua realidade.
Outrora ousado,
Selvagem e valente;
Agora patético
Pusilânime e negligente.
Em seu flanco esquerdo
Eis que surge um cisne
- Negro como a noite -
Tão misterioso quanto
O seu canto
Subitamente o poeta ressurge,
Incomodado pela intuição.
Como criança
Agarra-se a um pedaço de papel
E o tortura com um látego de palavras.
Lágrimas lhe caem do rosto,
Rubras como a vergonha
Vermelhas como o sangue.
...E ao longe, quase tocando
O crepúsculo, ouve-se
Um belo e derradeiro
Canto de um cisne.

 

Machado-MG

Agamenon Troyan
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