É assim que te vejo, fria
Como a lua entristecida
E de mim, o que sobra?
Se não a falsa alegria
Mas não quero mais, assim viver
Tamanha solidão em meu querer
O que antes se dominava, agora se domina
E não mais o amor semeia
Com folhas ressequidas
E se põem a chorar
Além da despedida
O sonho é sempre um sonhar
E não sara a ferida

É assim que te vejo, bela
Como a rosa radiosa
Que chora com o orvalho
Tal como a aurora
De não mais amar
O que não se ata
De não mais transladar
O que não transmuta
E depois de tanta luta
Não mais lutar
O que se ganha em se perder?
O que se perde em se ganhar?

É assim que te vejo, crua
Sem direito a pergunta, sem sonho a sonhar
Um sonho denso, sem lenço, sem fúria
E o que são lágrimas derramadas?
Além de águas salgadas
lágrimas cristalizadas de um mar revolto
Um lamento de um coração a deriva, engolido pela tempestade
E a temperança? Talvez sem esperança
Lança-se sozinha como uma criança
Que cega, não se importa com o perigo
Não teme o castigo
Mas se põem a chorar, um pranto sofrido

Transfere a busca, ao espírito
De um sonho bom, e não dormido
Na seiva de um peito adormecido, e o amor nele
Jaz sofrido, de não mais amar o referido
Sem cura, o que não se trata
Sem busca, o que não se procura
Transcende a luz ao crepúsculo
Quem dera fosse verdade
O amor encarnado, semeado na altura
Além do céu, a claridade
Além da duvida, a certeza
O amor nada mais é, do que uma doce pergunta
Com resposta talvez, ao coração dos amantes
Que ama infinitamente, sem esperar nada em troca
E carentes, protegem-se, em uma frágil fortaleza.........