Poema aos Patrícios

 Se a lei é cega, é dotada de bom tato
Que a impede de ser imparcial...
É iníqua, é vizinha do mal
Quando age deste modo insensato.
 
Defende e protege de modo infausto
Os poderosos – pela brecha judicial –
E condena de maneira cabal
Os mais simples por simples fatos.
 
São juízes, desembargadores, promotores e políticos
ou o filho do senador, do empresário, do bancário
ou o ator, o traficante rico, o policial corrupto
(malditos policiais corruptos, malditos!)
ou representantes quaisquer da Burguesia
que são perdoados pela justiça todo dia
que se faz cega...
 
(E um pobre homem que não tinha o que comer foi condenado a dois anos de prisão por roubar uma galinha).
É esta a justiça que existe.
É esta, e isso é muito triste.
Mas triste mesmo é saber que a justiça
é só um reflexo do caráter dos homens.
E pior ainda: do caráter dos patrícios!

Tangara da Serra, MT, 2006.

Roger Servilha Pereira
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