Pensando bem, a vida é uma longa espera:

Espero que amanheça
Que todo bem aconteça
Que a chuva não venha forte
Que o vento não traga a morte
Espero que meus filhos cresçam
E diante dos obstáculos não esmoreçam
Espero a filha que presta vestibular
Espero o amor que prometeu voltar
Espero estar viva amnhã
E não precisar de um divã...
Espero encontrar um amigo
Que saiba dialogar comigo
Espero que o mundo se entenda
Para evitar a morte horrenda
Espero que o Sol não nos mate
E a camada de ozônio se salve
Espero que a Amazônia não seja
Apenas o pulmão que se almeja
Espero que a consciência exista
E à hipocrisia resista...
Espero que os poderosos aprendam
Que o mundo não é só deles
Espero que o ser humano se encontre
No amor, na fé, na procura
Espero que Deus me dê forças
Pra que eu dê conta do recado
Espero que a igreja mude
Seu conceito de pecado
Espero que o mundo seja
Um lugar de muita paz
Espero que tudo se ajeite
Pra que possamos ser nós
Espero que o homem compreenda
Que todos precisam ter voz
Espero viver mais cem anos
Pra compreender os enganos
Espero que a vida aconteça 
Em todo momento que existe
Espero ser feliz hoje e sempre
Pois não saberia ser triste
Espero ter descoberto
Que nem tudo é quimera
E que apesar de se ir à luta
A vida é mesmo uma espera.

Poesia que reflete um pouco da angústia de não poder interferir em certos aspectos da vida já que somos alguém limitado nessa complexidade que é existir.
Este poema faz parte de meu livro: Um Pouco de Nòs editado em 1991 pela Editora EDICON - SP.

Campo Mourão,

Cida Freitas
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