"O preço que se paga pelos sonhos"

Fui à terra da fantasia,
Lá não se usa dinheiro, mas se paga com alegria.
No tal lugar eu era muito rico,
Esbanjava alegria e nunca fazia bico.
Comprava brinquedos e retribuía,
E mais rico eu ficava a cada sorriso que eu via.
Na terrinha, por algumas coisas não se pagava,
E quanda algo era de graça, todo mundo se aproveitava.
Num dia desses fui ao shopping fazer umas comprinhas,
Quando cheguei vi uma faixa com oito palavrinhas:
"Sonhos são de graça, entre e venha sonhar!"
Não pensei duas vezes, logo me pus a entrar.
Um velhinho me atendeu: "Pois não, patrão?"
"Traga-me muitos sonhos!" Respondi com empolgação.
Muitos tipos de sonhos ele foi me trazendo,
Sonhei com um amor, um mundo melhor... Acabou escurendo.
O shopping estava prestes a fechar,
E em antes que eu partisse o senhor veio me cobrar:
"Meu jovem, você esqueceu de pagar pelos seus sonhos!"
Peguei a notinha: "Meu Deus!" Eram tantos.
Sorte que eu lembrei da faixa que eu havia lido:
"Senhor, sonhar é de graça! Mas lhe perdôo pelo ocorrido!"
Saí aliviado, só que a polícia chegou,
Apontei na tal faixa (cadê a faixa?). A viatura me levou.
Fui vítima de uma perfeita armação,
Fui parar na cadeia que lá se chama Decepção.
Sonhar não é de graça, logo se paga com a alegria,
Sorte que uma advogada, chamada Esperança, tirou-me da agonia.

Rogerio dos Santos Rufino
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