Bons tempos!
 
Ah! Este tempo que se foi...
Esta saudade doce de poder sair
 correndo, livremente entre campos;
beijar as flores, ouvir os pássaros,
sem medos, sem destino percorrer lugares...
Olhar dentro dos olhos do amigo:
encontrar aconchego...
 Abrir a porta de casa
e se deparar com uma rosa...
O correio a entregar a cartinha misteriosa,
cheia de paixão...
Ah! Tempo este de escolher,
cuidadosamente,
entre as frutas a maçã mais bonita
e, carinhosamente,
entregar à professorinha...
Tempo em que,
ao ver um animalzinho sofrido,
logo se adiantava em dar a ele um lar...
Tempo em que, ao atravessar a rua,
nada temia...
Ah! Tempo aquele em que,
logo após as refeições,
pais, filhos, juntos trocavam palavras,
conselhos, gestos de amor e carinho...
Ah! Doce tempo do pipoqueiro na pracinha,
do algodão doce, do biju,
 com a catraca em minha porta;
com a pipoca feita às escondidas...
Ah! Tempo feliz, volta, vai...
Alguns podem achar tudo isto coisa de velho,
mas isto é alegria,
isto é  recordação de um tempo,
que foi apagado em nome
de uma modernidade, da liberdade...
Mas estas não conseguem trazer de volta
a essência à pureza, a alegria deste tempo,
 em que as coisas simples, pequenas mesmo,
eram importantes...
Traziam sorrisos, uniam pessoas,
solidificavam lares...
Ah! Volta, vai...
Volta, alegria ingênua!
 
Paulo Nunes Junior
SP/ Brasil
12/11/2007