No contorno do espelho contemplo quão pouco sou.
Tão grande! Mas tão insuficiente...
Por isso saio de mim e para longe me vou,
Contemplando o desconhecido e largando o inconsistente.
- De que adianta saber tudo, exceto o meu lugar?
Caminhar em espiral nesse incessante cansar?

Por isso me deixo! Sem mágoa nem pesar,
Pois comigo as levarei para longe de mim mesmo.
E quando lá estiver, eu irei te convidar
Para juntos nós vivermos felicidades a esmo...
- Ou será que tu tens medo da penumbra do meu olhar?
Por que não ouves a voz de meu declarado calar?

Mas o espeho que mostrou a não-existência em mim
(Revelada no brilho de um reflexo sem par),
Te mostrará também dois lados: o não e o sim;
E se escolheres o correto saberás o que é amar,
Fazendo a tênue diferença entre criar e destruir
Na nossa simetria, a mais completa e radiante.

Ou, por acaso, negarás meu desistente insistir?
Reduzirás assim o eterno a esse mísero instante?
- Escolhe então, e deixa a lágrima cair...
- Escolhe já, pois tu és a comandante!