-- Era um sábado, já no cair da tarde,
o sol tombando no horizonte, não arde
mais na pele. Estou à beira do mar,
debaixo de coqueiros, sobre a rala grama,
observando o vai-e-vem das ondas. O ar,
estava morno, estimulando  o suave cantar
de uns poucos pássaros e suas filigranas.

-- Adormecida, fui por uma voz despertada
que o meu nome chamava desesperada:
Felícia, Felícia, Felícia ... meu grande amor,
faz tempo que a procuro, onde você estava?
Eu lhe peço por todos os santos, por favor,
não proceda mais assim, amenize a minha dor.
Fale alto, bem alto, que fugiu mas me amava.

-- Não tive tempo de dizer uma palavra sequer.
Um corpo em cima de mim diz que me quer,
apalpa os meus seios, beija-me com paixão,
com uma das mãos acariciava o meu corpo,
deixando-me nas nuvens, disparado o coração,
sob o domínio de gostosa e real sensação,
de relaxamento, como se fosse um ser morto.

-- Mas a reação veio rapidamente. Ele mordiscava
meus mamilos, um e outro, e nos intervalos, falava,
quase sussurrando, que queria me amar, amar...
até se esgotar e com uma perna entre as minhas,
num esfrega-esfrega, sua boca no ouvido a falar
coisas poéticas, de amor, comecei a sonhar
acordada sobre um desejo que, de há muito, tinha.

-- Quem ama não comete pecado ao entregar-se;
Quem ama prova-o com a nobre ação de doar-se.
Enquanto nossos lábios se encontravam, a penetração
se iniciava suave e continuamente; depois, num vai e vem
alucinante, que o meu corpo estremeceu. O coração
aumentou os batimentos e assim, a erótica sensação
me elevou ao espaço, num vôo sobre as nuvens.

-- As estrelas lá no céu brilhavam intensamente
e eu aqui em baixo, na grama, tão feliz e sorridente,
só pensava na hipótese possível de  repetir  a festa,
porque não se pode esquecer ou não se deve esquecer
algo que traz felicidade, que mexe com o sentimento.
O que aconteceu comigo não acontece a todo momento:
um êxtase resultante de múltiplo orgasmo. Esquecer?