Por um fio

 

Dói saber o que não sou mais o mesmo.
Fui feito de uma espessa massa,
Que aos poucos perde a graça.
É claro que estou vivo,
E tenho um vicio desejo,
De olhar pro mundo lá fora,
E nunca perder de vista,
Nem por um instante, tudo aquilo que almejo.
Vou embrenhar-me em meus pensamentos,
Discorrer sobre as feridas antigas,
Que são como cicatrizes escondidas,
De
alegrias e tristezas mal paridas.
A noite escura vem me abraçar,
E uma estrela ainda brilha no meu olhar,
O meu
coração translúcido ainda teima em bater,
Tuas mãos tateiam o meu corpo frágil,
Que como um mendigo, deseja um
carinho seu.
Dói saber o que não sou mais o mesmo,
porque a vida perdeu o cio,
O tempo passa e ela murcha,
Vai perdendo a espessura,
E ai, ficamos por um fio.

 

 

Dedico este poema a todos aqueles, que embora tenham sido de alguma forma maltarados pela vida, tiveram forças para continuar vivendo e dando o melhor de si para si mesmo e para aqueles que estenderam suas mãos no sentido de confortá-los.