Eu a tinha na conta de uma mulher linda,
de simplicidade franciscana mas elegante,
de boa escolaridade, sensual, provinda
de uma família respeitada e muito galante.
 
Passamos a nos amar, amar de verdade
e começamos a fazer planos e planos
para o futuro, tudo com muita seriedade,
enfrentando toda sorte de óbices insanos.
 
Seus grandes olhos, seu rosto redondo, perfeito,
suas coxas roliças, seus seios grandes e enrijecidos,
seus cabelos negros, seus contornos gerais, jeito
fascinante de andar, me deixavam embevecido.
 
Em todos os lugares a sua silhueta eu via,
ora a nadar num mar azul e silencioso ora
a voar como um livre pássaro. Que magia!
Que poesia para um ser que ri e chora!
 
De repente percebi que a tarde ia morrendo.
Um espetáculo da natureza propiciado pelo sol
despencando no horizonte, e eu não me contendo
diante da visão espetacular, rubra, do arrebol.
 
Eu não sabia que o mar, cantado  em prosa e verso,
exercesse sobre um ser humano essa magia
de fazê-lo ficar tantas horas, tanto tempo, imerso
nos seus pensamentos, amando o que não existia

Dormitava debaixo de um coqueiro a vinte metros do mar.

Curva da Jurema, Vitória, ES.