O futuro, o passado e o presente

Andando pelas ruas,
rememorando tristezas,
avisto um andante,
se aproximando
vindo ao meu encontro.
Ele gargalha
como uma criança,
Qual a razão desse risos.
Será que sou eu?
Será que é da vida?
Notícias de corrupção,
caos nos aeroportos,
miséria,
amores,
impostos.
Não, ele não tem porque rir
ainda por cima está sozinho,
deve ter fugido de um hospício.
Louco, só pode!

Tento disfarçar meu constrangimento
e olho para frente
vejo o horizonte
sisudo e incerto
Não dá pra saber
se amanhã, chove ou faz sol
Vejo rostos desconhecidos
ruas nunca pisadas
casas ainda desabitadas,
temo tudo aquilo por onde
passam meus olhos.
Quem sabe ele não me veja.
 
Mas ele ainda está lá
e continua vindo
Olho pra trás,
deve ser o motivo dos risos.
Quando me deparo com o sol
se despedindo do dia
e pacientemente esperando a noite.
e vejo semblantes, caminhos e lares,
vejo a beleza do que passou,
tudo que aprendi
e deixei de entender,
é como se todas as desilusões
tornassem saudosas memórias.
Quem sabe ele me conheça.

Olho novamente pra frente,
agora está ao meu lado
me deparo com o ele,
encaro seu rosto,
não vejo boca, não vejo olhos,
dou um meio sorriso
e sigo meu caminho.

Rafael Santos
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