"Botequim"

Almas sedentas, isentas de hipocrisia...
Almas distintas, famintas de rimas, de  poesia...
Rastreiam carinho, anseiam driblar o frio, vazio...
Na busca do mesmo desejo, reforçam o ensejo
De serem ouvidas, sentidas, amadas, compreendidas...
Gritos incontidos, uníssonos alaridos
Que rasgam peitos, apontam feridas...
Marcas da vida, ressentida, sofrida...
Mágoas dos dias, dos anos, desenganos...
No encontro, a unicidade, a cumplicidade,
Um ponto qualquer da cidade, sem alarde,
Cantos, recantos esquecidos, empobrecidos
Enchem-se, povoam-se, avolumam-se, enriquecidos...
Vozes entoam, cantam, encantam, acalantam,
As últimas gotas dos copos, garrafas a tilintar...
Trepidantes acordam o lirismo, versos pro ar...
O recinto transborda sonhos...
Batuques de tamborim...
Acordes de bandolim...
E todos se tornam poetas...
            ....naquele botequim!

               _Carmen Lúcia_

Vivenciando um boteco...observando as pessoas,seus sentimentos,suas verdades.

Um botequim...