Por que é que tu me olhas torto assim?
Se sabes (como eu) que o que dizemos
Às vezes diz demais; outras, de menos;
E o que importa é o que não foi dito, enfim...?
Pois no silêncio se revela o amor,
Sem palavras pra emperrar o discurso:
Esquece o que foi falado no impulso;
Esquece os espinhos e desfruta da flor:
Da intenção mais pura, cara, inaudita,
Que escapa à estrutura verbal, finita,
Que atinge mais a alma que o ouvido.
Esquece a confusão do que eu falei,
E aplica o coração ao que eu pensei.
(Que o verso sobreviva ao meu ruído!)